Foto: Eduardo Aigner |
Reconhecer
o valor da leitura e ser reconhecido. Esse é o lema do agente de
leitura Cícero Ronaldo Alves de Oliveira, mais conhecido como Roni,
O Fera do Computador, 28 anos. Morador do município de Tucumã, no
estado do Pará, ele soube do Programa Arca das Letras, do Ministério
do Desenvolvimento Agrário (MDA), em uma visita ao município de
Marabá, em setembro de 2007. Desde então, o programa protagonizou
mudanças em sua vida.
Logo
em outubro do mesmo ano, os mais de 30 mil habitantes de Tucumã já
recebiam a primeira biblioteca do programa, a Biblioteca da
Comunidade 29 de Junho, que atende cerca de 150 famílias. Hoje,
cinco anos depois, o município possui três bibliotecas e todas
tiveram a articulação de Cícero para serem implantadas.
Um
exemplo de superação, Cícero Ronaldo é paraplégico desde que
nasceu e sempre se empenhou para alcançar seus objetivos. Em 2004,
iniciou um curso de informática com duração de um ano. Completados
oito meses, já tinha concluído o curso, daí veio o apelido de O
Fera do Computador. “Sempre fui um cara batalhador e nunca
encontrei uma barreira que não consegui atravessar”, afirma.
Ele
conta que sua vida mudou ao conhecer o Programa Arca das Letras e se
tornar agente de leitura. Conheceu pessoas e histórias que jamais
imaginava e superou mais um obstáculo, transmitindo conhecimento a
crianças, jovens e adultos da comunidade. “Eu criei um amor por
isso, porque vejo que, por meio do Arca das Letras, a vida das
pessoas está melhorando”, relata.
Quando
a biblioteca onde Roni é agente de leitura, voluntariamente, foi
inaugurada, existiam 200 livros para atender à demanda da
comunidade. Hoje, são mais de 1,5 mil livros, todos doados. “A
gente recebe muita doação das empresas, dos professores. A
comunidade é muito envolvida”, conta.
De
acordo com o agente de leitura sua comunidade evoluiu com o auxílio
das bibliotecas. Os alunos que antes perdiam o ano escolar por falta
de acesso a livros didáticos, hoje não passam mais por isso. “A
nossa comunidade mudou muito, ganhou mais visibilidade, teve melhora
na educação. Agora temos os livros perto dos alunos prontos para
auxiliá-los”, destaca.
Além
das bibliotecas de Tucumã, Roni também ajudou na articulação da
arca de São Félix do Xingu, onde cerca de 40 mil habitantes puderam
ter acesso ao livro e à informação. Para Roni é um prazer poder
ajudar a levar tantos benefícios proporcionados pela leitura a
tantas
pessoas. “Se não fosse o Programa Arca das Letras eu não me
sentiria realizado hoje. São muitos os benefícios que adquiri e
pude passar para os outros depois que entrei no programa”,
ressalta.
Programa
Criado
em 2003, o Programa incentiva e promove o acesso à leitura em
comunidades rurais. Mais de 8,7 mil bibliotecas já foram implantadas
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário em todo o Brasil.
Famílias de agricultores, assentados da reforma agrária,
pescadores, quilombolas, indígenas e populações ribeirinhas são
beneficiadas pela iniciativa.
As
bibliotecas são instaladas em locais de acesso público, como
associações, ou em casas de trabalhadores voluntários do programa,
conhecidos como Agentes de Leitura. São eles os responsáveis pelo
empréstimo dos livros e pelas campanhas de ampliação das coleções.
A
ação conta com mais de dois milhões de livros, todos obtidos por
meio de doação. Os acervos, armazenados em móveis-bibliotecas,
denominadas de arcas, possuem títulos da literatura brasileira e
estrangeira, material didático, histórias em quadrinhos e
publicações técnicas, entre outras opções.
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