Foto: Rômulo Serpa/MDA |
As representantes das
mulheres do campo na 2a Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural
Sustentável e Solidário (CNDRSS) se reuniram em plenária, nesta
segunda-feira (14), a fim de debater as propostas que serão defendidas e
traçar estratégias para o encontro. A plenária das delegadas fez parte
das atividades que abriram a 2a. CNDRSS, que segue até quinta-feira
(17), no Espaço Brasil 21, em Brasília.
Com batucada, cantos e palavras de ordem pedindo “50% de mulheres nos
atendimentos de Ater”, as delegadas convocaram as companheiras para o
início da reunião. A proposta, que também estampava lenços e adesivos
distribuídos às quase quinhentas delegadas que estiveram na plenária,
ganhou destaque ainda na fase preparatória e chega a conferência como
mote principal das trabalhadoras rurais.
A participação das mulheres na 2a CNDRSS é marcada por um fato inédito e
histórico para as lideranças e os movimentos das trabalhadoras rurais.
Pela primeira vez no Brasil, uma conferência desta natureza terá
garantida a paridade de gênero entre participantes. A conquista foi
destacada pelo secretário-executivo do MDA, Laudemir Müller, ao saudar
as trabalhadoras durante a mesa de abertura. “Poder fazer esta
conferência com paridade é algo muito importante para todos nós. Isto
não começou agora e não termina agora, é uma trajetória de luta. Tive o
orgulho e satisfação de participar deste processo com as companheiras.
Tenho certeza de que vocês não querem que a gente faça apenas esta
conferência com paridade, isto é muito importante, mas nós queremos um
Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário com paridade e
equidade também. Queremos construir uma caminhada em que tenhamos
paridade também em nossas políticas”, afirmou.
Propostas
Nas Conferências Estaduais de Desenvolvimento Rural e na Conferência
Nacional Setorial de Mulheres Rurais, cerca de 1,5 mil mulheres
debateram mais de 142 propostas. Nos encontros, além da paridade na
Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), elas definiram como
prioridades: 50% de mulheres rurais nos espaços de participação social;
30% de recursos das políticas públicas; creche no meio rural brasileiro;
recreação infantil nas atividades coletivas de Ater; ampliação do
acesso ao crédito para mulheres rurais; e identificação das mulheres na
Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).
Mesa de debate
Em suas falas, cada uma das integrantes da mesa apresentou e realçou um
dos temas que serão defendidos na conferência. Foram abordados temas
como: agroecologia, legislação sanitária, enfrentamento à violência,
crédito e financiamento, participação social, reforma agrária e acesso à
terra.
A diretora Karla Hora encerrou o debate convidando as delegadas para um
ato em defesa das demandas prioritárias das mulheres rurais, programado
para manhã desta terça-feira (15), antes do painel Planejamento do
Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. Durante o encontro,
também foi anunciada a elaboração de uma declaração que será lida
durante a Cerimônia do Dia Mundial da Alimentação, programada para
quarta-feira (16). Enquanto for lida a declaração, as delegadas irão,
uma a uma, colocar alimentos em um cesto no palco, representando a
contribuição das mulheres na produção de alimentos.
A delegada Madalena Santana, que veio representando as mulheres de
Sergipe, confessou estar muito animada para defender a igualdade no
campo e todos os pontos trazidos pelas mulheres para a conferência. “É
importante garantir às mulheres o seu verdadeiro papel e elevar a
autoestima delas, reconhecendo direitos, combatendo o patriarcado, o
machismo e a violência”, defendeu. Madalena é assentada da Reforma
Agrária, agricultora e faz parte do Movimento das Trabalhadoras Rurais
do Nordeste.
A mesa contou também com a presença da assessora especial da secretária
de Políticas para Mulheres Rurais da Presidência da República (SPM),
Raimundinha Mescena; da diretora de Políticas para Mulheres Rurais do
MDA, Karla Hora; da secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Agricultura (Contag), Alessandra Nunes; da
representante do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste,
Verônica Santana; da representante da Marcha Mundial das Mulheres,
Conceição Dantas; da representante da Federação Nacional dos
Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar, Lizete Maria
Bernardes; da representante da Secretaria de Mulheres Extrativistas do
Conselho Nacional de Seringueiros, Edel Moraes; da representante do
Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco de Babaçu, Maria do
Rosário; da representante da Coordenação das Organizações Indígenas da
Amazônia Brasileira, Olga Macuxi, da representante da Coordenação
Nacional das Comunidades Quilombolas, Nilce dos Santos; da representante
da Articulação Nacional de Agroecologia, Vanessa Sóts e da
representante da Via Campesina, Vanderlúcia.
Via Desenvolvimento Rural MDA
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