segunda-feira, 2 de abril de 2012

Alimentos orgânicos estão mais presentes na mesa do brasileiro


As prateleiras dos supermercados e a mesa do brasileiro estão, cada vez mais, cheias de alimentos orgânicos. A crescente preocupação com a saúde alimentar tem feito com que produtos livres de aditivos químicos sejam uma boa pedida na hora de montar o prato. A nutricionista Meg Schwarcz, há nove anos no Hospital Universitário de Brasília (HUB), afirma que esse tipo de alimento contribui, a longo prazo, para manter uma boa saúde. “Eles livram as pessoas da ingestão de substâncias químicas como pesticidas, que em grande quantidade podem causar gastrite, úlcera e até câncer”, explica.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) incentiva a produção agroecológica por meio do fortalecimento das redes e organizações que atuam com agricultura familiar e no incremento à comercialização em supermercados. Segundo o consultor da Temática de Orgânicos e Mercados Diferenciados da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), do MDA, Alberto Wanderley, nos últimos três anos, o ministério investiu mais de R$ 39 milhões para impulsionar a produção de cerca de 87,4 mil agricultores familiares envolvidos com agricultura orgânica e agroecológica no Brasil.

O alimento orgânico tem ganhado mercado por ser produzido de forma natural, sem  o uso de pesticidas, herbicidas e adubos sintéticos e por conter maior quantidade de vitaminas e sais minerais. Segundo a nutricionista Meg, além de vegetais, os produtos animais, como carnes e ovos, também podem ser considerados orgânicos se produzidos sem aditivos de hormônios e fertilizantes. 

Nas prateleiras da Rede Pão de Açúcar, em Brasília, os orgânicos estão presentes em grande quantidade. Segundo o consumidor de produtos orgânicos Paulo Castelo Branco, esse tipo de alimento está na mesa de sua casa há muito tempo. “Minha família inteira consome orgânicos. Nos preocupamos com nossa saúde e sabemos que esses alimentos livres de produtos químicos são melhores”, conta. A consumidora Dalva Siade também apóia o consumo de orgânicos, “eles são mais saborosos e saudáveis”, ressalta.

De acordo com a nutricionista, a única desvantagem do alimento orgânico é o preço.  “São muito mais caros do que os convencionais, mas prefiro gastar mais e comer algo benéfico, que vai me ajudar a manter uma boa saúde”, afirma a consumidora Neire Paulino. Ela conta que sente falta de mais opções e que os supermercados deveriam aumentar a variedade desse tipo de produtos. “Sinto falta de alguns produtos, como a cenoura, que começou a ser vendida agora, brócolis e as frutas, que quase não encontro”, relata.

Dentre os programas de incentivo específicos para a agricultura familiar orgânica ou agroecológica do MDA destacam-se o Pronaf Agroecologia e o Pronaf Sustentável. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também está entre as ações do ministério  voltadas ao incentivo à produção de alimentos orgânicos.

Por meio do PAA, o MDA oferece vantagens aos agricultores familiares que usam o sistema de produção agroecológica ou orgânica. O preço pago pelo produto orgânico é 30% maior do que o valor pago aos produtos convencionais.

A Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares, Extrativistas, Pescadores e Vazanteiros (Coopcerrado) é um exemplo do aumento considerável da produção de alimentos orgânicos. A Coopcerrado existe há 12 anos e trabalha com vários produtos orgânicos do cerrado como o baru, um tipo de castanha, e a pava dantas, uma planta medicinal. Em 2011 sua produção foi de 250 a 300 toneladas de frutos que vão para a alimentação escolar por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e PAA. A cooperativa fornece desde os chamados cookies, granola, 100 sabores de barras de cereais, até melancia, milho verde e abóbora.

De acordo com a coordenadora técnica, Alessandra Karla da Silva, em 2011 a Coopcerrado alcançou a marca de R$ 2,8 milhões com a venda de seus produtos. “Para este ano, a meta é dobrar esse número global. Hoje atendemos Brasília, Goiânia e o entorno de Goiás e o Distrito Federal. Queremos expandir para São Paulo e outras cidades que têm demonstrado interesse em nossos produtos”, afirma.

No início, a Coopcerrado tinha 62 famílias de assentados, extrativistas, pescadores e vazanteiros. Hoje, são 1,6 mil famílias em 45 municípios e três estados. Segundo Alessandra, atualmente a cooperativa está desenvolvendo novos produtos para a alimentação escolar, que deverão ser lançados ainda este ano.

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)


O PNAE é uma ação do governo federal, que garante alimentação escolar aos alunos do ensino infantil, fundamental e médio das escolas públicas e filantrópicas. Os recursos financeiros são repassados para todos os estados e municípios por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento para a Educação (FNDE). Tem como objetivo a promoção da alimentação saudável e segura e o respeito à cultura e às tradições de cada região. De acordo com a Lei da Alimentação Escolar (nº 11.947/2009/FNDE), no mínimo, 30% dos recursos do fundo para a alimentação escolar devem ser aplicados na compra direta de produtos da agricultura familiar.

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

Criado em 2003, o PAA faz parte do grupo de ações do Fome Zero para garantir o acesso a alimentos em quantidade e regularidade. O PAA também incentiva a formação de estoques estratégicos de alimentos e permite aos agricultores familiares armazenarem produtos para a comercialização.

Pronaf Agroecologia

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Agroecologia é uma linha de crédito para financiamento de investimentos nos sistemas de produção agroecológicos ou orgânicos, incluindo custos de implantação e manutenção dos empreendimentos. O limite da operação é de R$ 130 mil e o prazo de pagamento é de até dez anos. A taxa de juro é de 1% ao ano, para os investimentos de até R$ 10 mil, e de 2% ao ano, para financiamentos entre R$ 10 mil e R$ 130 mil.

Pronaf Sustentável

Diferente de uma linha de crédito, o Pronaf Sustentável é uma metodologia de atendimento associado feita por técnicos da assistência técnica e extensão rural para planejar, orientar, coordenar e monitorar a implantação de financiamentos via agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Essa metodologia tem enfoque sistêmico, ou seja, global, e é realizada no âmbito das modalidades do Pronaf.

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