Jovens de todo o país estão se preparando para participar da 1ª Conferência Nacional sobre Assistência Técnica e Extensão na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (1ª Cnater), que será realizada de 23 a 26 de abril, em Brasília (DF). O evento será uma espaço para discussão de propostas que permitam aos jovens optar por viver no campo, e para a adoção de modelos de produção agroecológicos, os quais foram debatidos em Conferência Temática da Juventude Rural e apresentados nas Conferências Estaduais.
Para a assessora
especial de Juventude, do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), Ana Carolina Silva, o grande desafio está em integrar os
jovens na construção das políticas públicas. “A realização da
Conferência Temática de Juventude Rural possibilitou consolidar uma
pauta dos jovens rurais para a 1ªCnater e alterou a forma de
elaboração das políticas públicas, ampliando o diálogo entre
governo e os movimentos sociais”, explicou.
Entre as
contribuições da Conferência Temática de Juventude Rural, Ana
Carolina destaca a criação de oportunidades para os jovens
continuarem vivendo no campo, com uma oferta de Ater que promova o
acesso a tecnologias de produção sustentável, numa perspectiva de
transição para uma matriz produtiva agroecológica, aliada ao
acesso à terra, crédito e educação.
Uma
das muitas jovens, escolhida como delegada para a Conferência
Nacional, a assentada da reforma agrária Sanderlene Ribeira dos
Santos, que mora no Assentamento Sítio Passagem da Cobra, no
município de Rio Tinto, no Território
da Cidadania Zona Da Mata Norte na Paraíba, afirma que a
implementação de políticas públicas para a juventude rural é
fundamental para evitar o êxodo rural. “Precisamos de políticas
que garantam aos jovens a condição de permanecerem no campo, com
qualidade de vida e com a possibilidade de desenvolver suas
atividades agrícolas”.
Sanderlene
destaca ainda que a oportunidade de construir políticas públicas
com o recorte de juventude se aprofundou dentro do processo de
discussão da 1ª Cnater. “Tivemos a oportunidade de inverter o
modelo tradicional de construção de políticas, levando as
propostas de nossa comunidade; e temos a certeza de que vamos
encontrar espaço para o debate na conferência nacional”, frisou a
jovem.
O coordenador do
Comitê Permanente de Juventude Rural do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e técnico em
agroecologia do Serviço de Tecnologia Alternativa de Pernambuco
(Serta), Germano de Barros, afirma que a participação dos jovens
nas etapas estaduais da 1ª Cnater tem sido expressiva. “Temos
incorporado o debate do tema da juventude rural em todos os estados,
onde os jovens estão apresentando, além do que será debatido na
conferência nacional, questões específicas de cada estado”,
destaca.
Barros reitera o
grande desafio que é enfrentar o tema da sucessão do campo e que a
aposta da juventude passa pela afirmação de uma produção
agroecológica. “Estamos apontando a necessidade de construirmos
uma matriz tecnológica de agroecologia, que de fato garanta a
permanência do jovem no campo, e isso passa por questões
ambientais, econômicas, produtivas, educacionais e culturais”,
afirma.
“Queremos um
rural mais do que produtor de alimentos, um rural com qualidade de
vida, com cidadania plena e produção cultural, ampliando a produção
não agrícola e garantindo renda e desenvolvimento para quem mora no
interior do Brasil”, conclui Barros.
Foto: Eduardo
Aigner
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