segunda-feira, 27 de agosto de 2012

14ª Feira da Agricultura Familiar mostra sustentabilidade da produção rural


Foto: Andrea Farias/MDA

Quem visita a 14ª Feira da Agricultura Familiar na 35ª Expointer confere a enorme variedade de produtos orgânicos. A proposta de oferecer ao público um produto livre de agrotóxicos é mais do que assegurar saúde e sabor. Para o agricultor, é sinônimo de qualidade de vida para esta e as próximas gerações.
Na Praça dos Orgânicos, localizada no espaço do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), os visitantes podem conferir de perto o resultado de uma agricultura familiar sustentável. É possível ver geleias, doces, sucos, arroz, sementes e vinho.

“Na produção orgânica e sustentável você tem que ver o solo como vida”, retrata o agricultor familiar Altamir Bastos, 42 anos. Há cinco anos, Altamir e os 1,4 mil assentados da reforma agrária do município de Eldourado do Sul/RS, na região metropolitana de Porto Alegre, iniciaram a produção de arroz orgânico. Ele conta que receberam assistência técnica especializada na área de produção orgânica e hoje, além do arroz, produzem frutas como caqui e uva, além de grãos e panificados, tudo de forma sustentável.
 
Foco na produção sustentável
As novas chamadas públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) contratadas pelo MDA serão focadas na sustentabilidade. De acordo com o diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), da Secretaria da Agricultura Familiar do MDA, Argileu Martins, a Ater Sustentável trabalha com o agricultor processos que permitam o manejo adequado dos produtos e do solo. “Trabalhamos não só o ponto de vista ambiental, mas também o econômico e o social da sustentabilidade”, ressalta.
Para o produtor Altamir, a Ater é essencial para o desenvolvimento desse tipo de produção. “Com a Ater aprendemos que quem fornece os nutrientes para a planta são os micro-organismos que estão no solo. Se nós não cultivarmos, primeiramente, a vida no solo, nós não vamos ter a produção sustentável”, explica.
Assim como Altamir, que expõe seus produtos pela primeira vez na feira, outros oito adeptos da sustentabilidade compõem a Praça dos Orgânicos. Um exemplo é Eunira Carraro, 59, do município de Monte Alegre dos Campos, na região nordeste do estado. Produtora de sucos, geleias e extrato de tomate, a agricultora conta que sempre gostou de trabalhar com produtos naturais, exatamente, pelo fato de que, livres de agrotóxicos, preservam a qualidade do solo. “Nós plantamos pensando no futuro, em conseguir uma forma para manter a família e os filhos no meio rural”, conta.
Os dois agricultores dividem a opinião de que, para se produzir de forma orgânica, a propriedade tem que ser autossustentável, da produção à adubação. “Senão vamos cair no mesmo modelo do convencional”, observa Altamir.
Junto a mais 15 famílias da Associação de Agricultores Ecologistas de Monte Alegre, Eunira produz cerca de 75 mil litros de sucos por ano. Desse total, 30% são destinados para a merenda escolar de 37 municípios gaúchos, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Depois que começamos a vender para o Pnae nossa produção mais que dobrou”, relata. Além do suco, Eunira conta que o que mais comercializam para a merenda escolar é o extrato de tomate.
A agricultura sustentável busca a valorização do produto que não utiliza insumos químicos e que, assim, mantém a preservação do solo. A produção rural sustentável não só trata da melhor qualidade do alimento e preservação do meio ambiente, mas procura valorizar, também, as relações familiares e leva o ser humano a refletir sobre sua intervenção na conservação da natureza.

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